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Filhos de Deus

Terça-feira, 13 de Novembro de 2007
Postado por Hiran de Melo

O Mestre surpreendeu-nos com o anúncio que havia descido a montanha e partido na direção do mar. Estaria hoje, noite de lua cheia, na praia conhecida como de Lucena. Estaria à esquerda de quem olha para o mar. Mais exatamente próximo da desembocadura de um fio de águas doces que liga o mar a terra. Neste local as areias formam pequenas dunas.

Recebemos instruções que deveríamos ir de roupas escuras e em pequenos grupos. Os automóveis ficariam na cidade que recebe o mesmo nome da praia e deveríamos seguir o resto do percurso a pé. Nada que não soubéssemos antes, o Capítulo funcionaria naquela noite a céu aberto, mas era necessário estamos protegidos das vistas profanas. Assim tudo deveria ser feito com o máximo de discrição.

A irmandade reuniu-se na hora marcada e os obreiros estavam colados nos altos graus filosóficos. O Capítulo foi aberto conforme a liturgia do “Cavaleiro Rosa Cruz”, pois neste grau todos os presentes atendiam a exigência mínima para o início dos trabalhos.

Procedimentos preparatórios para o inicio dos trabalhos foram observados. Fomos recebidos em um semicírculo formado pelo Mestre e pelos irmãos que chegaram antes. O raio era suficientemente grande de modo a permitir que todos estivessem voltados para o mar. O importante naquele momento era acolher a presença do sopro de Deus que habita no interior de todos nós. A observação das ondas do mar nos ajudava a encontrar a freqüência natural do movimento da inspiração e da aspiração profundas.

Este procedimento era necessário porque ao acolher a Presença, devolvemos espiritualmente purificado o ar que respiramos.

Sendo uma sessão destinada apenas aos iniciados, estamos impedidos de registrar todo o ritual. Todavia, falaremos brevemente de alguns momentos simples, mas reveladores do essencial. Escolhemos dois: o período de instrução e a comunhão do pão e do vinho.

Ele nos recordou que em cada criança habita o sopro de Deus. Que no sorriso da criança revela-se a Presença da Transcendência. E que na criança forma-se a cruz da imanência horizontal no encontro com a transcendência vertical do divino Espírito do Pai. A cruz é o símbolo a nos lembrar que toda criança é filha de Deus.

É a educação proporcionada que fará com que esta herança seja exaltada, ou esquecida.

É a educação que fará no adulto uma pedra polida a devolver e espalhar o brilho que recebe da Fonte da Vida; ou em uma pedra bruta e opaca atirada ao lixo que nada reluz.

Poderemos resgatar a criança que em cada um de nós habita reconhecendo a nossa herança divina e assim sermos como poeira luminosa das estrelas; e desta forma, em cada um de nós jorrará como água viva, a mesma luz.

A Tradição informa que quando o resgate se realiza a cor do nosso olhar passa a ser azul. Da cor dos Céus, lugar em que o Pai habita. A cor do olhar do filho da Luz é igual à cor da Terra para quem a olha da Lua. É pela cor do olhar que podemos nos reconhecer como filhos de Deus.

Falou-nos a respeito do mistério que consiste na revelação do semblante de Deus no recém nascido mais frágil, o filho do homem. Finalmente leu parte de dois textos dos Padres da Igreja e nos pediu que os interpretassem.

“O homem interior é o campo onde Deus plantou sua imagem e semelhança e onde Ele lança a sua boa semente, a raiz de toda a sabedoria, de toda a arte, de toda bondade, ou seja, semente de natureza divina. Essa semente é o Filho de Deus, o Verbo de Deus”. (Padre Gregório de Nissa)

“Como foi o próprio Deus que semeou em nós esta semente, a imprimiu em nós e a tornou para nós co-natural, podemos encobri-la e ocultá-la, mas nunca destruí-la totalmente ou extingui-la; ela continua a arder e brilhar ininterruptamente, a luzir e resplandecer, além de tender incessantemente a elevar-se para Deus”. (Padre Orígenes)

Depois de ouvir a todos, Ele repartiu um pão sem fermento e distribuiu entre nós. Em seguida fez passar uma taça de vinho e nela recolhemos a lembrança da nossa aliança de comunhão com o Pão da Vida.

O cerimonial prosseguiu em conformidade com a ritual da Tradição e o Capítulo foi fechado na hora de costume.

A noite era fria, mas a água doce que adentrava no mar era morna. Como é bom deitar na beira do rio, deixando a água banhar os pés e viajando com o olhar pelo universo que nos cobre de luz! São em momentos, como este, de infinito e simples prazer, que muitas vezes nos nossos lábios revelam-se um sorriso de criança que deseja mais uma vez nascer ou, se preferirmos dizer de outra maneira, ressuscitar.

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